segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cartas de Bolso IV

 Oceano das Paixões, 28 de Agosto de 2006

Doce e eterna paixão,
Há algo que não me deixa acalmar o coração. Há algo inquietante que me faz perder a noção e que me deixa em roda com coisas que nunca senti. Com coisas, que provavelmente serão sentimentos... ou um misto deles. Não sei. Pode ser tudo, pode ser nada. É como eu e o príncipe. Numa noite somos tudo, como na manhã seguinte somos a brisa suave do ar que vagueia pela atmosfera. 
E eu?...
Posso fugir... Sim, posso. Sou livre de o fazer, não sou? Mas e se não quiser desligar-me a isto... E se eu preferir a mágoa e o desgosto à tempestuosa liberdade de um pássaro? É assim que o amor é. Ou te deixas render, ou tens de fugir para nunca mais te afectar... E eu... eu limito-me a ficar aqui por entre linhas e linhas de lágrimas. Mas lágrimas felizes! Umas mais pesadas que as outras, mas são lágrimas felizes. E por muito que sejam gotículas de água salgada, jamais apagarão este turbilhão de palavras emocionantes que te escrevo. Fico ansiosamente à espera que ligues o meu coração e o faças bombear para que o sangue não deixe de correr as minhas veias, mas é só isso: fico à espera. Porque nunca acontece. A tua doce e serena voz que me entra pela cabeça e faz dar voz ao meu subconsciente, é tão pura e tão mágica. Mas tão maldosa e imprópria para mim. É tão tudo, mas não pode ser nada e aí eu apago-me do mundo. Fecho os olhos e já não te deixo ligar-me a mim. Fecho os olhos para que nada seja sentido, para que nada seja retribuído... Porém, chego à conclusão que é impossível que isso aconteça; como em outros tempos já te disse: gostar de ti, fez-me aprender a gostar de mim. E eu soube amar-me como tu me amavas. Num todo. Sem desdenhar o que sou. E agradeço-te. Por isso não posso partir. Nem consigo deixar-me desligada de ti. És o príncipe mais puro deste reino e mesmo que a sonhar seja, sinto-te pertencente ao meu doce e amado coração, mesmo que ele nem se mexa nos últimos dias.
Provocaste-lhe a morte, é verdade. Mas se bem quiseres, basta uma palavra a correr para o meu coração, para ele acordar e eu abrir de novo os olhos. Voltar à vida que tínhamos antes. 
Deixo-o somente nas tuas mãos. O que vais fazer?
Recorda-te de mim. Guarda-me em ti... Por favor.
A tua doce e eterna,
Apaixonada.

3 comentários:

Anónimo disse...

As tuas palavras são lindas.

Flávia Araújo disse...

Muito obrigada :)

Inês Oliveira disse...

Mais um texto lindo, amor!