quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Diário da tua ausência III

Há noites em que choro e chamo por ti. Há outras tantas em que eu grito e peço para não me olhares mais. Hoje, é uma daquelas noites em que o sono não é meu companheiro em que eu grito e chamo por ti. Hoje não é nada como deve de ser e estou perdida por ti. Em ti. Como lhe quiseres chamar. Contigo é que não. Nesta noite, não há motivo para eu fechar os olhos e ter uma boa noite, nem motivo sequer para eu adormecer porque amanhã não vou acordar contigo ao meu lado, então permaneço aqui, por entre linhas cheias de sentimentos. Ou direi eu palavras que transmitem sentimentos? Não, desta vez são mesmo sentimentos. Muitos deles provocados por ti e mesmo sem compreender o que me leva ao teu encontro, eu escondo-me por entre eles e foco-me na tua pessoa como se o mundo começasse e acabasse em ti. Melhor dizendo... como se o mundo fosses tu.

Faço uma pausa, encosto a cabeça à almofada mas de que vale? O ponteiro bate as 4:55 da madrugada e continuo sem bocejar uma única vez e sem querer adormecer. Só gostava de, por vezes, saber como consegues tomar conta de mim desta forma. Como consegues ou como és capaz de invadir-me assim sem mais nem menos. Sem dó nem piedade. Como consegues tu dizer-me: vem cá. E o meu coração bater a mil gritando: estou a ir, meu amor.
Meu amor?! Desde quando te chamo isso? Ou desde quando sinto que és meu e o mais doce amor? Desde que te conheci, presumo eu. Mas nem assim eu tenho perfeita consciência de que o és. Muito menos de que o foste ou que algum dia serás. Porém, uma coisa eu sei: eu amar, até te amo. Com todos os teus defeitos. Com todas as tuas incertezas. Com todos os teus altos e baixos. Com toda a bipolaridade do teu ser; és o mais perfeito e belo ser aos meus olhos. Intitulo-o de amor platónico. É no mínimo divino do surreal porque o ser mais abstracto, é o mais concreto e a antítese mais nítida é a mais perfeita. Somos um encaixe. Somos o preto no branco. E o im mais o perfeito que faz o imperfeito. Somos tudo e somos nada. Somos também algo a que chamo de opostos mas que por muito que o sejamos, completamo-nos um ao outro. É como te amar e odiar ao mesmo tempo e é, igualmente como quando me fazes chorar de tanto sorrir ou sorrir depois de tanto chorar.

E o que sou eu para ti? Outrora eu fora a tua pérola branca. A tua boneca. O teu pilar mais inconstante mas sempre presente. A outra metade do teu coração e o teu cérebro. Nós já estivemos ligados tanto física como psicologicamente. Nós já fomos um. Tal como já nos compreendemos como ninguém.
Contudo, hoje em dia somos o oposto e somos o mais infiel amor. E resta o quê de um nós? Não resta nada. Restamos n ó s, separados. Tu menos Eu. Pensando que já fomos Tu mais Eu e Eu mais Tu! e que neste momento somos a areia da praia onde escrevemos o nosso amor para ser levado por um imenso oceano de emoções. Onde se encontram todas essas emoções?!
Eu, guardei-as num sótão bem grande chamado coração. Está trancado com amor e amizade. Um dia, vou encontrar a sua chave num outro grande lugar: o cérebro. E prometo - fica mesmo prometido! - que hei-de abrir esse sótão e voltar a chamar-te meu amor com a mais doce das ternuras. Terei tanto gosto em fazê-lo, tal como espero ansiosamente para que esse momento por fim chegue.

Sempre que te vejo passar na rua em frente à minha casa, o meu desejo é gritar e chamar pelo teu nome para me vires acudir. Contudo, tudo o que sei fazer é chorar e pedir-te para não me olhares mais.

Sem comentários: