domingo, 8 de janeiro de 2012

Diário da tua ausência I


 É uma da tarde e eu ainda não sei de ti. Não sei de nada... Não encontro o teu cheiro. Não sinto o teu toque. Não ouço a tua respiração... Mas não me vou virar. Não quero ter noção que saíste. Saíste sem me dizer nada. Não quero saber, sequer, que me deixaste. Então vou fechar de novo os olhos e encontrar-te no nosso outro mundo. Aquele onde ninguém nos procura, porque nem vale a pena, é impossível de nos encontrar. 
Já os fechei. Gritei por ti e nada. Ao meu redor encontro um imenso vazio branco. As cores, para onde foram? Difundiram-se e originaram este vão. E tu? Onde estás? Fugiste mesmo de mim. Ausentaste-te da minha vida sem sequer estabelecer um ponto final. Limitaste-te a uma vírgula ou a umas meras reticências com uma imensa continuidade. Não pensaste nas represálias? Não pensaste sequer, em mim? Como ficaria?
Ao fundo, ouço uma voz.
- estou aqui. Não me fui embora, desculpa. Fui resolver-me com a minha cabeça. Já te agarrei, meu amor. Descansa.
Graças a Deus! És tu! Finalmente posso acordar e virar-me para o outro lado. Tu estarás lá. Abraçar-me-ás e ficará tudo bem. Recompor-se-á tudo e seremos eternamente fãs do nosso amor, como em tempos. 
Muito obrigada. Mas uma coisa não podes fazer mais: deixar-me nesta indecisão. Não podes deixar-me mais a desejar sobre este nosso oceano imenso de sentimentos. Nem penses, nunca mais deixar-me atordoada ou atormentada com a tua ausência. Pode ser?
- meu amor, meu querido amor, só te tenho a ti. Como te deixaria? Nunca, mas nunca te vou deixar. És o meu forte. És a minha ligação com a felicidade. Deixa essas ideias de lado. Guarda-as naquele cofre das sete chaves que o coração tem. Um dia, - se esse chegar. quando tiveres razão para ir buscar esses sentimentos tristes todos, fá-lo. Mas agora... oh, agora, agarra-me e prende-te a mim num momento congelado por nós.
Farei isso, podes crer.

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