domingo, 20 de maio de 2012

A Thousand Miles

Preciso de sair. Preciso de deixar de ser eu. Preciso de deixar de chorar. Preciso de deixar de precisar. Preciso de deixar de amar. Preciso que não me amem, mas que me ames. Preciso que não saibam que existo. Preciso que me deixem em paz. Preciso de apanhar o comboio e seguir sem rumo. Preciso do horizonte cheio de palavras sentimentais. Preciso do amor e do carinho, mas não quero nada. Não quero crescer. Não quero sorrir. Não quero nada, mas quero alguém. Quero o mundo nas minhas mãos. Quero sentir-me como nunca. Mas não preciso disso. Não quero precisar, nem ter necessidade de algo. Não quero as Estrelas, quero o céu inteiro. Não quero a guerra, quero o amor.
Preciso de me deitar numa cama, ter-te a noite inteira e pertencer-te como em tempos. Preciso do teu beijo e dos teus suaves lábios a percorrem-me. Preciso do amor que só tu me davas e preciso do sorriso, que com ternura me beijavas. Preciso de nada.
Mas agora, quero tudo.
Sou a antítese mais completa. A metáfora mais enganosa. A hipérbole exagerada de uma morte serena. Sou o tudo ou nada. Preciso demais do de-menos.
Quero saber tudo. Mas não preciso disso para nada. Quero-te a ti. Quero-me a mim. Quero-nos a nós... Somos um. Metade por metade. Origens diferentes, vidas opostas, sentimentos iguais... Somos nós. Amantes da Natureza de uma música serena e de um rock turbulento. Somos a noite mais serena com chuva e trovoada. Somos tudo, mas não conseguimos nada. Temos tudo aos nossos pés, mas fugimos mais rápido do que uma bola enquanto rola por um campo a fora.
E tu? Agora sabes? Agora sabes ou tens noção do que se passa? Amar-te é o maior pecado. Ainda maior do que comer chocolates a tarde inteira sem lhes poder tocar. Amar-te é bom. Mas faz-me mal. Amo-te... Mas amo-me mais a mim e quero deixar de sentir o que quer que seja, mas não consigo. És a flor que dá brilho ao meu jardim e a Estrela que me guia em todas as noites. Então fica. Fica aqui e venera-me. Venera todo o meu ser, toda a minha beleza. Que só existe por ti. Por nós. Por ser quem eu sou, quando te avisto e te engulo com os olhos, de uma só vez.
Se pudesses ser algo que não tu, o que serias?
- O teu amor...
Foram as tuas palavras que me tocaram suavemente no coração. E pertence-te. Aquele órgão quente e vermelho, que bombeia sangue a todo o meu corpo chora por ti. Chama por ti. Aclama pelo teu ser mais maravilhoso e imprudente desde sempre. Sorri por te ver feliz, mas grita por te querer perto e não ter.
Chamo-lhe de paixão... Mas sou uma apaixonada sozinha.
E preciso de deixar de ser. Quero apaixonar-me com alguém. Porém, vem cá... quero-te a ti. Vamos esquecer as desavenças e entrar na toca do coelho.
Vamos navegar pelo espaço improvável e conhecer o desconhecido e inimaginável. Vamos ser tu e eu. Eu e tu e somente nós. Construir um mundo nosso e ter tudo nas nossas mãos sem deixar cair aos nossos pés... Jamais! Vamos amar-nos e querer-nos. Podemos ser as melhores pessoas de sempre, basta sabermos lidar com isso. Basta encaixar em nós a verdadeira emoção e o verdadeiro amor que existe.
Porque eu quero e preciso de estar sempre junto a ti. E não quero, nem posso, perder-te para longe. Sem força para correr, sem força para te agarrar, puxar e beijar e por fim dizer:
- Está tudo bem. Estou aqui. Fiquemos para sempre de mão dada.
É impossível, mas possivelmente acontecerá... Somos o tudo e nada encaixados num mundo imperfeitamente perfeito a nossos olhos.
E agora, vem, fica aqui. Ama-me. Ama-nos. Perdoa-me e abraça-me... Sempre.

5 comentários:

Dahliaw disse...

Está tão, mas tão bonito. É um dos mais bonitos textos que li.

Dahliaw disse...

Acredita que fui muito sincera.

C disse...

lindo, lindo.
sigo <3

C disse...

muito obrigada, de coração ^.^

Inês Pinto disse...

Lindo Flávia. Adorei!